Testes in vitro anti -Trypanosoma cruzi : uma revisão narrativa.

Abstract

A doença de Chagas, ou Tripanossomíase Americana, é uma infecção causada pelo protozoário Trypanosoma cruzi e transmitida à humanos e à animais por meio do hospedeiro invertebrado triatomíneo, também conhecido popularmente como barbeiro, podendo também ser transmitida por meio da ingestão de alimentos contaminados com o protozoário, dentre outras formas. A doença é considerada um problema de saúde pública, pois afeta aproximadamente seis milhões de pessoas em todo o mundo. A quimioterapia específica da doença de Chagas está limitada aos fármacos Benznidazol e Nifurtimox, medicamentos associados a diversos efeitos colaterais tóxicos, à baixa eficácia no tratamento de pacientes na fase crônica da doença, dentre outras limitações que tornam estes fármacos não ideais para o tratamento da doença de Chagas. O desenvolvimento de drogas mais efetivas e menos tóxicas se faz necessário, visando à melhoria da qualidade de vida de milhões de pessoas acometidas por esta doença, porém, os resultados não se fazem promissores. Nesse contexto, a triagem in vitro tornou-se a principal estratégia na descoberta de fármacos para a doença de Chagas, porém, não há um consenso de protocolo a ser adotado durante as pesquisas, o que ocasiona um grande desafio ao se tentar comparar diferentes estudos. Nesse sentido, o presente estudo teve como objetivo avaliar os parâmetros utilizados nas pesquisas in vitro realizadas na busca por novos fármacos e evidenciar a divergência de variáveis empregadas. Uma revisão bibliográfica de caráter narrativo foi realizada considerando-se artigos publicados entre 2017 e 2022, e os seguintes parâmetros foram selecionados para análise: linhagem celular utilizada, cepa e DTU utilizados, tempo de incubação com o medicamento Benznidazol, valor de CI50 com o Benznidazol e índice de seletividade. Os dados obtidos demonstraram que há uma heterogeneidade de protocolos relacionados à quimioterapia experimental in vitro para doença de Chagas na literatura. Nesse sentido, a harmonização das estratégias experimentais in vitro é essencial para definir protocolos de screening seguros e confiáveis, reduzindo assim os fatores que possam interferir na seleção de candidatos a fármacos no âmbito dos ensaios pré-clínicos e, consequentemente, aumentar o número de compostos a serem testados em fase clínica.