Análise da aplicação de geomembrana como tratamento de fundação em barragens de terra.

Abstract

Este trabalho avalia a viabilidade do uso de geossintéticos na fundação de barragens de terra para mitigar percolação, combinando revisão bibliográfica e estudo de caso com modelagem numérica no Slide 6.0. Considerou-se uma barragem homogênea de argila compactada e seis cenários: referência sem tratamento; geomembrana a montante com extensões de 30, 45, 60 e 75 m; e trincheira de vedação interceptando a camada mais permeável. A geomembrana, ao alongar os caminhos de fluxo, reduziu pressões neutras e gradientes, refletindo-se em decréscimos de vazão de 16,27% (30 m), 46,3% (45 m), 66,83% (60 m) e 69,82% (75 m) frente ao caso de referência; o ganho marginal no último incremento decorreu da permanência de uma camada superficial de alta permeabilidade. O cut-off apresentou desempenho hidráulico superior, alcançando redução de 89,3% da vazão percolada. Conclui-se que ambas as soluções são tecnicamente viáveis: a geomembrana é atrativa quando corretamente dimensionada e instalada, oferecendo controle efetivo de percolação com boa relação custo-benefício; já a trincheira de vedação tende a ser mais eficiente em fundações com formações altamente condutivas ou trajetórias preferenciais rasas, embora sua adoção deva considerar estratigrafia, profundidade de interceptação, viabilidade executiva e custos. Observou-se ainda que a relação entre extensão do tapete e redução de vazão não é linear, reforçando a necessidade de dimensionamento caso a caso. Recomenda-se, como continuidade, comparar geomembranas a cortinas de injeção e avaliar configurações de cobertura ampliada ao longo do talude de montante para maximizar a interceptação do fluxo.