Violência política de gênero : a sub-representação de mulheres na política e na mídia.

Abstract

Este trabalho investiga as principais características da violência política de gênero no Brasil e analisa como a sub-representação feminina não se restringe apenas à arena política, mas também se manifesta nas produções jornalísticas e midiáticas. A partir de um resgate histórico da trajetória das mulheres na política e da contextualização do tema central, a pesquisa discute o papel da imprensa em um cenário marcado pela desigualdade entre mulheres e homens. O objeto de análise foi a cobertura do termo “violência política de gênero” (VPG) pelo veículo nativo digital Gênero e Número, no período de janeiro de 2020 a dezembro de 2022, abrangendo o contexto das eleições municipais e gerais, bem como a promulgação das Leis nº 14.192 e nº 14.197, em 2021. A metodologia utilizada foi a Análise de Cobertura Jornalística (Silva; Maia, 2011), adaptada a partir de uma crítica feminista de mídia (Gomes Barbosa, 2025). Esse cruzamento permitiu observar marcas da apuração, da composição jornalística e do contexto de produção, indo além do produto final das publicações. Os resultados revelaram uma cobertura surpreendentemente baixa da temática: apenas 33 reportagens, das quais nove mencionaram diretamente o termo. Ainda assim, a produção destacou-se pela ampla utilização de fontes femininas e pela valorização de perspectivas interseccionais. Conclui-se que, embora a discussão tenha avançado na última década, as desigualdades de gênero ainda permeiam os espaços políticos e as coberturas jornalísticas de forma implícita e velada, tendo como uma das consequências a baixa visibilidade do termo violência política de gênero.