Caracterização química de flavonoides presentes no extrato etanólico de caules e folhas de Luxemburgia polyandra (Ochnaceae) e avaliação da atividade antiviral frente a arbovírus.

Abstract

Luxemburgia polyandra (Ochnaceae) é uma espécie endêmica do Brasil, tradicionalmente empregada na medicina popular para o tratamento de diarreias, bronquites e resfriados. O interesse científico por essa espécie tem se ampliado em função da sua composição química, uma vez que espécies do gênero Luxemburgia são reconhecidas pela presença de flavonoides, metabólitos secundários associados a múltiplas atividades biológicas. Os flavonoides e biflavonoides apresentam propriedades farmacológicas relevantes, incluindo ação antioxidante, anti-inflamatória e antiviral, o que os torna candidatos promissores para o desenvolvimento de novos fármacos. O presente estudo teve como objetivo caracterizar quimicamente os constituintes do extrato etanólico de caules e folhas de L. polyandra por meio de cromatografia líquida de alta eficiência acoplada à espectrometria de massas (CL-EM). A análise permitiu a identificação de diferentes classes de flavonoides, incluindo monômeros e biflavonoides, evidenciando a diversidade estrutural de compostos presentes no extrato. Além da caracterização química, o extrato etanólico e frações foram submetidos a ensaios biológicos in vitro, sendo testada a atividade citotóxica frente as linhagens celulares Vero e MRC-5 e antiviral frente aos arbovírus Zika, Chikungunya e Mayaro. Os resultados foram promissores, sendo que o extrato etanólico apresentou atividade frente aos vírus Zika e Mayaro, com CE50 de 71,25 ± 1,48 e 48,90 ± 2,52 μg/mL respectivamente. Adicionalmente, a fração em acetato de etila foi ativa frente aos vírus Zika, Mayaro e Chikungunya com CE50 de 25,33 ± 3,34, 47,07 ± 1,85, 12,81 ± 6,78 μg/mL, respectivamente. Os resultados obtidos indicam que a elevada concentração e diversidade de flavonoides e biflavonoides em L. polyandra podem estar diretamente associadas ao seu potencial farmacológico. Esses achados contribuem para a valorização científica da espécie e reforçam sua relevância como fonte natural de moléculas bioativas com possível aplicação no desenvolvimento de novos agentes terapêuticos.