Cartografia geológica em escala 1:10.000 do segmento centro-sul do flanco leste da sinclinal Santa Rita, margem oriental do Quadrilátero Ferrífero (MG).

Abstract

A porção oriental do Quadrilátero Ferrífero (QFe), em sua terminação meridional, abriga segmentos de duas megaestruturas regionais: o flanco leste do sinclinal Santa Rita e o sistema de falhas da Água Quente, que secciona o embasamento do Complexo Santa Bárbara em relação às rochas supracrustais. Este trabalho teve como objetivo a caracterização geológica e estrutural por meio de cartografia inédita em escala 1:10.000 do segmento centro-sul do flanco leste do sinclinal Santa Rita, com apoio de fotointerpretação (DOCEGEO–CVRD, 1978). Três lineamentos morfoestruturais expressivos e paralelos de direção N40-50W balizam quatro compartimentos estruturais, designados, de SW para NE, C1 a C4. Estes lineamentos apresentam indícios de herança tectônica do Proterozoico, uma vez que a distribuição dos elementos planares (S0, Sn e Sn+1) e lineares (Lestiramento e Linterseção) guardam estreita relação com estas estruturas. Como registro da tectônica mais recente, atuaram como falhas normais antitéticas, que controlaram a distribuição da cobertura de canga laterítica brechada em C1, C2 e C3, com aumento da espessura para SW. O C1 é marcado pela ocorrência do Grupo Piracicaba, sobreposto por C2 por uma falha de empurrão que expõe uma fatia tectônica do Complexo Santa Bárbara, sobre o qual repousam o Grupo Caraça (formações Moeda e Batatal) e parte do Grupo Itabira (Formação Cauê). O C2 indica ausência do Supergrupo Rio das Velhas, com o Complexo Santa Bárbara atuando possivelmente como um alto estrutural. A partir de C2, há predominância de rochas metamáficas, que obliteram relações estratigráficas entre as demais unidades, sugerindo zonas de fraqueza pretéritas para o alojamento de soleiras. O C3 e o C4 são os únicos compartimentos com foliação Sn+1, associada à boudinagem (corredor transpressivo?) das rochas metassedimentares do Supergrupo Minas e das intrusivas metamáficas. O C4 é marcado por uma fatia tectônica do Complexo Santa Bárbara em meio às rochas metamáticas. Esses elementos sustentam a hipótese de que a área representa uma zona de transição entre os estilos thin-skinned e thick-skinned, controlada por fatores como espessura sedimentar, geometria do embasamento e descontinuidades mecânicas pré-existentes, conforme discutido por Parker & Pearson (2021).