Assessores e clientes, as motivações e os desafios dos investimentos no mercado de ETFS do Brasil.

Abstract

O estudo teve como objetivo investigar se os assessores de investimento incentivam aos investidores a alocação de recursos em estratégias de gestão ativa ou gestão passiva utilizando ETFs (Exchanged Traded Funds), e quais seriam suas motivações e desafios do investimento na modalidade no mercado financeiro do Brasil. Os ETFs são fundos de investimento negociados em bolsa, similares a ações, geridos passivamente para replicar o desempenho de um índice específico, como o Ibovespa no Brasil. Nesta pesquisa de abordagem mista, quantitativa e qualitativa de dados, a metodologia empregada envolveu duas etapas. Uma etapa quantitativa, na qual se realizou a apresentação e a análise de dados secundários a respeito do capital empregado em ETFs no Brasil, extraídos no site da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (ANBIMA). E na sequência, procedeuse com a etapa qualitativa em que foram realizadas 15 entrevistas semiestruturadas com assessores de investimento brasileiros, com análise de conteúdo e categorização por codificação e classificação, sendo tais categorias interpretadas conforme suas relações, padrões e tendências nas falas dos entrevistados. De acordo com os resultados, o crescimento dos ETFs no Brasil tem sido gradual, desde 2004 e de acordo com a ANBIMA, em dezembro de 2024 o total investido em ETFs no Brasil foi de R$46,77 bilhões. A ascensão do ativo reflete maior aceitação dos investidores, especialmente pela sua praticidade e eficiência em sua utilização. Apesar do crescimento identificado, conflitos de interesse em modelos de remuneração como comissionamento versus taxa fixa, também impactam a recomendação de ETFs. O que pode surpreender investidores que esperam maior neutralidade por parte do profissional. Os resultados das entrevistas mostram ainda que 80,93% dos clientes aceitam recomendações de ETFs devido à praticidade e eficiência. No entanto, a preferência por investimentos de gestão ativa foi predominante no curto prazo, com 27% dos assessores defendendo-a para estratégias de curto prazo e os demais 73% a favor da gestão passiva, na perspectiva de médio e longo prazo, devido aos menores custos e volatilidade.