Espaços urbanos e crianças : redesenhando o entorno escolar do centro educacional Cecília Meireles, Ouro Preto - Minas Gerais.

Abstract

Este trabalho tem como objetivo o desenvolvimento de um anteprojeto de redesenho urbano para o entorno do Centro Educacional Cecília Meireles na cidade de Ouro Preto, em Minas Gerais. Essa proposta de projeto se baseou na interseção entre o campo da mobilidade urbana e a potencialidade da participação das crianças nos processos de planejamento urbano. Entende-se que as crianças têm assumido um importante papel nesse processo, já que uma cidade com planejamento urbano adequado às crianças pressupõe parâmetros urbanísticos (tais como caminhabilidade, segurança, mobilidade e acesso) adequados para pessoas de todas as idades. Sendo assim, pretende-se compreender melhor como essas crianças podem auxiliar nos projetos urbanísticos com o foco na mobilidade urbana dos entornos escolares – um dos primeiros ambientes fora de casa que a criança frequenta diariamente. O estudo foi estruturado em quatro etapas principais. A primeira consistiu em uma pesquisa teórica sobre mobilidade urbana pensada e projetada pela perspectiva das crianças. A segunda abrange o diagnóstico do entorno escolar, elaborado com base em uma abordagem etnográfica, por meio da observação de campo, que examinou a infraestrutura viária, a largura das calçadas, a sinalização e o comportamento dos usuários da via. A terceira envolveu oficinas participativas com crianças da própria escola, permitindo compreender suas percepções sobre o trajeto casa-escola e seus desejos para a transformação do entorno escolar. Por fim, os dados coletados fundamentaram a quarta etapa, a formulação de um anteprojeto de requalificação urbana, que propõe intervenções para tornar o entorno mais seguro, acessível e lúdico, utilizando princípios do urbanismo tático e priorizando a interação infantil com o espaço público. A atual infraestrutura urbana ao redor da escola apresenta congestionamento de carros e vans nos horários de entrada e saída, além de contar com poucos espaços que incentivem a permanência e a interação entre as crianças, seus cuidadores e os funcionários da escola. As oficinas realizadas revelaram o interesse dos alunos por um ambiente mais verde, interativo e acolhedor. Em resposta a essas demandas, o anteprojeto propõe estratégias como a ampliação de calçadas, a implementação de mobiliário urbano, a reorganização do tráfego e a inclusão de elementos lúdicos na paisagem urbana. Dessa forma, o estudo contribui para o debate sobre a importância da participação infantil no planejamento urbano e reforça a necessidade da qualificação dos espaços escolares e seus arredores.