A relação entre os arranjos familiares e a incidência do trabalho infantil.

Abstract

Este trabalho investiga a relação entre a estrutura familiar e a incidência de crianças no mercado de trabalho com base nos microdados da PNAD de 2023 e aplicando modelo logit. A pesquisa analisa uma amostra composta por 45.272 crianças de 5 a 13 anos, buscando compreender a influência da estrutura familiar para o trabalho infantil quando analisada isoladamente e quando analisada com outros fatores que estão associados, como demográficos e regionais. Os resultados indicam que famílias com chefia feminina, maior escolaridade do responsável e arranjos domésticos compostos ou estendidos estão associadas a menores taxas de trabalho infantil. Já a presença de idosos no domicílio não demonstrou efeito estatisticamente significativo. Por outro lado, características como ser do sexo masculino ou morar na região norte contribui para o aumento de inserção precoce no trabalho. O estudo se destaca por abordar variáveis pouco exploradas em pesquisas anteriores, como o tipo de unidade doméstica e a realização de atividades de cuidado, o que permite captar dimensões mais sutis da sobrecarga vivida pelas crianças. Ao evidenciar que o trabalho infantil não é apenas uma consequência da pobreza, mas também das formas como as famílias se organizam, esta pesquisa contribui para o aperfeiçoamento de políticas públicas voltadas à proteção da infância e à redução das desigualdades sociais.