Dois séculos de conflito e resistência na Zona Portuária carioca.

Abstract

O presente Memorial tem como objetivo relatar a produção de uma grande reportagem sobre a resistência cultural e histórica da cultura negra na zona portuária do Rio de Janeiro, também conhecida como Pequena África, como Trabalho de Conclusão de Curso em Jornalismo. No início das obras de saneamento para a implementação da Operação Urbana Consorciada Porto Maravilha, em 2011, foi reencontrado o porto de navios negreiros do século XIX, Cais do Valongo, fato que levou a reivindicação do local como maior símbolo do tráfico negreiro no país e berço da história afro-brasileira. A região sofreu duas grandes reformas no passado, empreendidas pelo Estado, que soterraram o Valongo e expulsaram a população negra de seu local de identidade. A operação do Porto Maravilha está repetindo o mesmo dano, pois se transformou em grande atrativo imobiliário, aumentando o custo de vida, levando a uma elitização e gentrificação na sua área de atuação. A reportagem se vale de uma narrativa histórica e atual, de cunho social e crítico, problematizando as semelhanças das reformas urbanísticas que, direta ou indiretamente, ameaçam a população negra de sair do território de grande identificação. A escolha pelo formato grande reportagem para lidar com esse objeto se deu pelo fato de não apenas informar, mas contextualizar e refletir sobre a importância da identidade cultural afrodescendente que contribuiu para a construção da sociedade brasileira.