As permanências do islã negro malê nas religiões afrobrasileiras.

Abstract

A Revolta dos Malês, de 1835, foi um capítulo importante na história do Brasil. Por um momento, um grupo de escravos atentou contra o Estado Imperial em favor da sua liberdade e do desejo de tornar sua religião mandatória no território. A revolta foi suprimida, mas as heranças desses negros muçulmanos continuam vivas. O presente trabalho busca identificar as permanências dos malês nas práticas culturais e religiosas do Brasil Partindo do estado da Bahia e do candomblé procuramos analisar as influências dos malês em outros estados que receberam escravizados muçulmanos e também em outras religiosidades populares. Utilizaremos de revisão bibliográfica para entender onde as investigações sobre esse grupo coeso de muçulmanos negros chegaram ao longo do tempo. Pretendemos procurar as pistas de seu paradeiro e identificar além das práticas culturais herdadas, as permanências morfológicas, os achados arqueológicos de seus locais de culto e ensinamento bem como analisar socialmente as comunidades que adotaram a seus costumes. No processo de repressão do Estado cristão contra as religiosidades negras, realizado desde o desembarque dessas pessoas nas terras brasileiras, mas intensificado após sua revolta melhor sucedida é escalado violentamente após os processos de abolição, o Islã foi suprimido e aculturado em diversas outras religiões, nos trazendo até mesmo a cristã. Apesar de uma religião tão forte e coesa ter desaparecido, são inúmeras suas contribuições na cultura brasileira.