Ornamento e racionalidade : reflexões sobre a beleza, a matemática e a natureza em arquitetura.

Abstract

A presente pesquisa tem como objeto de estudo o ornamento na arquitetura a partir do entendimento de que esse elemento surgiu como desejo inevitável de conferir beleza, dignidade e graça para as obras humanas, bem como recurso para comunicar significados profundos e importantes para a sociedade que o imaginou e o produziu. Apenas muito recentemente o ornamento foi encarado como algo supérfluo e desnecessário, fruto do anseio dos arquitetos modernistas por uma separação entre função e sentido, utilidade e significado. Pretendeu-se, com o estudo, desvendar os motivos pelos quais o ornamento foi tão importante para a humanidade por tanto tempo: suas motivações, seus porquês, suas razões de ser. Depois, pretendeu-se revisitar conceitos que, de forma apressada ou imprudente, possam ter sido declarados obsoletos. Assim, a pesquisa trata-se de um esforço para repensar as certezas modernistas e suas implicações na prática contemporânea, procurando ponderar sobre certas ideias que, aparentemente, parecem contraditórias. A partir do panorama que se teceu sobre a trajetória do ornamento na história da arquitetura, partimos para a compreensão das novas experiências científicas de rastreamento ocular e da recente compreensão da cognição humana baseada em fractais, que, consistentemente, desafiam a percepção de que o ornamento é irrelevante em relação aos temas importantes da vida humana. Dessa forma, o estudo pretendeu reconhecer as relações entre ornamento, razão, matemática e natureza, defendendo que a ornamentação faz parte de uma necessidade humana não apenas no sentido simbólico e metafísico, mas também no sentido racional.