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Título: Curadoria compartilhada dos cachimbos arqueológicos de Ouro Preto por um olhar decolonial : construindo caminhos para um debate futuro.
Autor(es): Campos, Arianne Pires de Faria Barros
Orientador(es): Suñer, Marcia Maria Arcuri
Membros da banca: Suñer, Marcia Maria Arcuri
Fagundes, Marcelo
Lima, Gomes, Gabriela de
Palavras-chave: Curadoria compartilhada
Arqueologia comunitária
Cachimbos arqueológicos
Decolonialidade
Data do documento: 2023
Referência: CAMPOS, Arianne Pires de Faria Barros. Curadoria compartilhada dos cachimbos arqueológicos de Ouro Preto por um olhar decolonial: construindo caminhos para um debate futuro. 2023. 51 f. Monografia (Graduação em Museologia)- Escola de Direito, Turismo e Museologia, Universidade Federal de Ouro Preto, Ouro Preto, 2023.
Resumo: A cidade de Ouro Preto, famosa por seu papel histórico durante o ciclo do ouro, apresenta um potencial arqueológico significativo devido à sua intensa ocupação e ao crescimento resultante desse período. Este trabalho tem como foco a investigação dos cachimbos arqueológicos, encontrados de forma fortuita em posse da população local, e propõe um estudo detalhado sobre esses artefatos. Esses cachimbos, relictos da vida cotidiana, são vestígios materiais que remetem às práticas sociais, culturais e econômicas da antiga Vila Rica, especialmente no que tange ao uso do tabaco entre as populações escravizadas e livres durante o período colonial. A pesquisa se propõe a analisar esses objetos não apenas como elementos arqueológicos, mas também como significantes culturais que integram memórias coletivas. Através de um estudo de caso, são mapeados os locais onde os cachimbos foram encontrados e analisadas as condições de sua descoberta e conservação, estabelecendo uma conexão entre os moradores atuais e os objetos do passado. Os dados obtidos indicam que muitos desses artefatos foram preservados informalmente pela população local, refletindo a relação próxima e cotidiana entre os habitantes de Ouro Preto e seu patrimônio material. Além de identificar e catalogar os cachimbos, o trabalho propõe uma via de institucionalização desses bens por meio de práticas de arqueologia comunitária, que incluem a participação ativa da população local nos processos de conservação e curadoria. A pesquisa destaca a importância de envolver os moradores de Ouro Preto na gestão do patrimônio arqueológico, promovendo uma abordagem colaborativa e descentralizada na preservação de bens culturais. Esse modelo propõe uma curadoria compartilhada, onde as comunidades participam diretamente das decisões sobre como esses objetos devem ser interpretados e exibidos em instituições museológicas. O trabalho também adota uma perspectiva decolonial, questionando as formas tradicionais e eurocêntricas de preservação do patrimônio. Nesse contexto, sugere-se a valorização do saber local e das experiências históricas vividas pelas populações de Ouro Preto, muitas vezes marginalizadas nos discursos patrimoniais hegemônicos. Ao propor um modelo mais inclusivo de gestão patrimonial, a pesquisa aponta para a necessidade de reavaliar as políticas públicas de preservação, incentivando práticas museológicas que envolvam a comunidade e respeitem as particularidades culturais e históricas dos bens arqueológicos. Os dados apresentados ao longo do trabalho reforçam a relevância dos cachimbos como objetos simbólicos, que carregam consigo narrativas de resistência, identidade e memória. Ao analisar as condições em que esses objetos são encontrados e as histórias associadas a eles, a pesquisa demonstra o valor de uma abordagem que integra o conhecimento acadêmico com o saber popular, criando um diálogo entre a arqueologia e a comunidade local. A proposta de curadoria compartilhada sugere um caminho promissor para a preservação dos cachimbos arqueológicos de Ouro Preto, destacando a importância de práticas colaborativas que integrem a população no processo de salvaguarda e valorização de seu próprio patrimônio. Dessa forma, o trabalho não apenas contribui para o debate sobre a preservação do patrimônio arqueológico, mas também incentiva uma reflexão crítica sobre a forma como o patrimônio cultural deve ser gerido no Brasil, buscando promover uma maior participação e representatividade das comunidades locais nas decisões sobre seus bens culturais.
Resumo em outra língua: The city of Ouro Preto, renowned for its historical significance during the gold cycle, presents considerable archaeological potential due to its intense occupation and subsequent growth during that period. This study focuses on the investigation of archaeological pipes, fortuitously found in the possession of the local population, and proposes an in-depth analysis of these artifacts. These pipes, relics of daily life, are material remnants that reflect social, cultural, and economic practices in the old Vila Rica, particularly regarding the use of tobacco among enslaved and free populations during the colonial era. The research aims to analyze these objects not only as archaeological elements but also as cultural signifiers that embody collective memories. Through a case study, the locations where the pipes were discovered are mapped, and the conditions of their discovery and conservation are analyzed, establishing a connection between current residents and these historical objects. The data suggest that many of these artifacts were informally preserved by the local population, reflecting the close, everyday relationship between the people of Ouro Preto and their material heritage. In addition to identifying and cataloging the pipes, this study proposes a path for institutionalizing these assets through community archaeology practices that actively involve local residents in the conservation and curatorial processes. The research highlights the importance of engaging Ouro Preto’s inhabitants in managing archaeological heritage, promoting a collaborative and decentralized approach to preserving cultural assets. This model advocates for shared curation, where communities are directly involved in decisions about how these objects should be interpreted and displayed in museums. The study also adopts a decolonial perspective, challenging traditional and Eurocentric methods of heritage preservation. In this context, it suggests the valorization of local knowledge and historical experiences lived by the people of Ouro Preto, often marginalized in dominant heritage discourses. By proposing a more inclusive model of heritage management, the research highlights the need to reassess public policies on preservation, encouraging museological practices that involve the community and respect the cultural and historical particularities of archaeological assets. The data presented throughout the study reinforce the significance of the pipes as symbolic objects that carry narratives of resistance, identity, and memory. By analyzing the conditions in which these objects are found and the stories associated with them, the research demonstrates the value of an approach that integrates academic knowledge with popular understanding, creating a dialogue between archaeology and the local community. The proposed shared curatorial model suggests a promising path for the preservation of Ouro Preto’s archaeological pipes, emphasizing the importance of collaborative practices that integrate the population into the process of safeguarding and valuing their own heritage. In this way, the study not only contributes to the debate on archaeological heritage preservation but also encourages critical reflection on how cultural heritage should be managed in Brazil, seeking to foster greater participation and representation of local communities in decisions about their cultural assets.
URI: http://www.monografias.ufop.br/handle/35400000/7076
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