Inventário dos geossítios ouro-pretanos : um primeiro passo para a divulgação sistematizada dos lugares de interesse geológico e mineiro na sede do município.

Abstract

A corrida pelo ouro no final do sec. XVII trouxe um fluxo de aventureiros e mercenários aos interiores brasileiros, até então inexplorados pelos povos colonizadores. A consequente descoberta de depósitos auríferos na região onde hoje se encontra Ouro Preto fez com que povoamentos se desenvolvessem inicialmente em um grande vale, limitado pela Serra de Ouro Preto ao norte e pela Serra do Itacolomi ao sul. Ao longo do século XVIII, período histórico conhecido como Ciclo do Ouro, houve intensa exploração e extração do mineral na região, principalmente na Serra de Ouro Preto, resultando em sítios com grande relevância para compor o patrimônio mineiro e arqueológico, tais como: registros de desmontes hidráulicos, galerias subterrâneas, barragens (mundéus), aquedutos e ruínas de estruturas relacionadas à mineração. Tais ocupações e modificações antropogênicas foram desenvolvidas sobre um terreno de relevo acidentado, com vertentes íngremes e vales profundos e encaixados, conferindo ao local uma geomorfologia atípica. Portanto, de grande potencial para o desenvolvimento de iniciativas de geoconservação voltadas ao patrimônio geológico e mineiro na cidade. Para tanto, é indispensável que os geossítios de relevância local estejam identificados, inventariados e avaliados, ações que caracterizam o objetivo geral desta pesquisa. Foram selecionados e caracterizados 20 (vinte) Lugares de Interesse Geológico e Mineiro (LIGEMs), dentre construções históricas, patrimônio mineiro, mirantes e atrativos naturais no distrito sede de Ouro Preto, utilizando como metodologia o Protocolo de Avaliação e Inventariação de Lugares de Interesse Geológico e Mineiro, desenvolvido por Paula & Castro (2013) e dados obtidos na Prefeitura Municipal de Ouro Preto. A partir de visitas de campo, os LIGEMs foram georreferenciados, fotografados e descritos em linguagem acessível, sendo também caracterizadas as condições de acesso, visitação e conservação. Além de informações sucintas e precisas, os dados obtidos neste trabalho permitiram a quantificação dos geossítios, elucidando o potencial geoturístico do patrimônio geológico e mineiro ouro-pretano, visando promover a conscientização acerca do valor científico, cultural, pedagógico e difundir o conhecimento geológico para gestores públicos, comunidade acadêmica e população, servindo ainda como base para políticas públicas geoconservacionistas. Os resultados mostraram que as características geológicas e históricas peculiares de Ouro Preto tornam o local um campo fértil para o desenvolvimento de atividades ligadas ao geoturismo. Porém, algumas melhorias precisam ser efetivadas para o pleno desenvolvimento dessas atividades, no que tange à proteção física das estruturas, sinalização turística e acessibilidade tanto dos espaços quanto das informações.