Espaço paradoxal : reflexões sobre o espaço escolar como resgate aos conhecimentos pós-abissais na prática de uma ação decolonial na aprendizagem a partir das relações étnico-raciais.

Abstract

O presente artigo tem como intuito propiciar uma reflexão teórica e prática, a partir do diálogo entre elementos da Ecologia de Saberes de Boaventura Sousa Santos (2010) e a temática das relações Étnico-raciais no ambiente escolar, a partir de discussões dos autores Petronilha Gonçalves e Silva (2008) e Luciano Nascimento Corsino (2020). Para a produção da reflexão, utiliza-se como metodologia a abordagem etnográfica. O artigo inicialmente problematiza a função da escola ao longo da história e sua ambiguidade, sendo um território com potencialidades tanto no viés reprodutivista quanto emancipatório. Além disso, também é esmiuçado como os conhecimentos prévios das populações oprimidas, oriundas da população historicamente explorada na fundação do país, contribuíram com a deslegitimação dos conhecimentos advindos da comunidade. No segundo momento do trabalho discorre-se como estratégias decoloniais e o subsídio de políticas públicas como as Leis 10.639/2003 e 11.645/2008 servem para construir uma nova forma de aprendizagem em sala de aula, sobretudo na utilização dos conhecimentos prévios das comunidades oriundas de camadas populares, questão que reitera a viabilidade de pensar a construção de uma Ecologia de Saberes, valorizando o conhecimento dos integrantes que são provenientes desse espaço. Por fim, apresenta-se um breve relato de como essas questões foram aplicadas em minha prática docente, nessa tópico é refletido como a ação docente que contemple os conhecimentos prévios da comunidade subsidiando-se na herança da cultura indígena, Africana e Afro-brasileira podem contribuir com mudanças de viés emancipadores no espaço escolar.