Percepção dos moradores do entorno da Floresta Estadual do Uaimií, Ouro Preto, MG, sobre o Cateto (Dicotyles tajacu), sua conservação e a ameaça de caça.

Abstract

Os catetos ou porcos-do-mato, Dicotyles tajacu, são reconhecidos como importantes dispersores de sementes e contribuem diretamente para a manutenção da vida de animais de serrapilheira. A manutenção dessa espécie é fundamental em florestas protegidas e alvo de políticas de conservação, como é o caso da Floresta Estadual do Uaimií (FLOE- Uaimií), inserida na Área de Proteção Ambiental Cachoeira das Andorinhas. O presente estudo segue a abordagem etnozoológica, que é a ciência que estuda os conhecimentos e as interações das pessoas com os animais silvestres. Foram entrevistados 64 moradores adultos de comunidades localizadas ao entorno da FLOE-Uaimií em Ouro Preto-MG, com o objetivo de avaliar as percepções locais quanto aos catetos (Dicotyles tajacu), seu estado de conservação e se a caça constitui uma ameaça à espécie. Diante disso, analisamos a frequência de avistamento do animal na região de estudo e constatamos que os catetos ocorrem na região e são conhecidos da população. Avaliamos a opinião de moradores sobre a espécie, em função de exercerem ou não atividade agrícola, partindo da premissa de que o animal é conhecido por causar danos às lavouras e cercas, durante sua busca de alimento. Um pouco mais da metade dos agricultores não têm uma visão negativa quanto aos catetos. Por fim, investigamos a percepção dos entrevistados em relação ao declínio populacional dos catetos, o qual vem sendo observado com preocupação pelos moradores. Foram relatadas relações causais entre o declínio do cateto e a caça. Aferimos que a caça é praticada na região e os catetos são um alvo comum, visto que sua carne é apreciada como recurso alimentar. Para compreender a importância da caça para a população, seria necessário um estudo sobre o nível de segurança alimentar desses moradores rurais. Posterior a isso, o poder público terá subsídios para elaborar ações interventivas de educação ambiental e auxílios, se necessários, visando a conservação da fauna nativa, sem comprometer os recursos da população mais carente.