O som do TEN : um estudo sobre as sonoridades negras na obra teatral Sortilégio

Abstract

Essa pesquisa busca compreender melhor o papel performativo (AUSTIN, 1990; FERRAL, 2015, BUTLER 1997, PINTO, 2003) das sonoridades (REIS, 2018) no ambiente da cena. Para tal feito, parto da análise dos indícios de sonoridades performativas potenciais, identificáveis e investigadas no texto teatral Sortilégio escrito por Abdias do Nascimento para o TEM, na década de 1950. Para tanto, são consideradas não apenas as sonoridades encontradas nas músicas, seus gêneros e estilos, mas em toda e qualquer sonoridade perceptível nas proposições encontradas no texto, tais como: rubricas indicando sonoplastias, partituras musicais, silêncios, falas de personagens. Os estudos sobre sonoridade há tempos vem sendo tratado, no campo da música e da antropologia, de forma a se compreender seus processos de produção de sentido e seu contexto, bem como sua constituição enquanto discurso. Apoiado nessa abordagem sobre os estudos sonoros, trago à guisa de discussão os aspectos performativos das sonoridades, sobretudo as sonoridades negras, no campo das artes cênicas. Nosso interesse na performatividade das sonoridades negras se dá pelo extremo potencial decolonial, inestético e contra hegemônico que se pode perceber em praticamente toda manifestação cultural oriunda da diáspora africana. E no intuito de tecer um pensamento que pudesse dar conta de refletir sobre os sons e sonoridades, previstas não só na trilha sonora ou nas indicações de sonoplastia, mas em todo percurso temporal da obra, e seu caráter performativo, busquei como referencial teórico os campos de estudos da música (WISNIK,1989), dos estudos da linguagem (AUSTIN, 1990) e dos estudos da performatividade (AUSTIN, 1990; BUTLER, 1997; PINTO, 2003; FERRAL, 2015). Partindo destes referencias, busco investigar a performatividade das sonoridades negras e suas potencialidades pressupostas e articuladas na dramaturgia de Abdias do Nascimento no contexto da obra teatral Sortilégio.