Uma História Olavista? : usos e abusos da filosofia e da pedagogia de Paulo Freire na série Brasil Pátria Educadora.

Abstract

O presente artigo busca lançar luz sobre os atuais usos e abusos da filosofia e da pedagogia de Paulo Freire na tentativa de desconstrução do sistema educacional brasileiro através da trilogia de filmes “Brasil Pátria Educadora”, da empresa Brasil Paralelo, tendo em vista que uma das questões principais dessa trilogia foi o processo de centralização da educação em apenas um órgão governamental: o Ministério da Educação e Cultura (MEC). A Brasil Paralelo, como empresa alinhada ao pensamento de Olavo de Carvalho, se norteia pelos seus pressupostos de que o grande mal da educação brasileira é ela estar nas mãos do Estado. Segundo Olavo de Carvalho, antes de 1930 a educação era responsabilidade das Igrejas Católicas e dos militares, e funcionava perfeitamente. Em seu entendimento, não há sentido em se criar um ministério e estatizar a educação, algo que deve ser de responsabilidade da família. Dessa forma, para desacreditar a educação estatal, a Brasil Paralelo se utiliza das mais novas tecnologias em redes sociais e comunicações para semear o negacionismo, o Olavismo, e ideias sobre como, supostamente, a esquerda e o socialismo estão corrompendo os bons costumes e os valores da família. Na série “Brasil Pátria Educadora”, os alvos dos ataques são Paulo Freire e esse sistema de educação. A tentativa do assassinato simbólico de Freire ganha vazão nos discursos de ódio, na guerra cultural bolsonarista, na desqualificação dos espaços de produção do conhecimento e na tentativa de construção de novas narrativas sobre o passado. Um conjunto de ações que a empresa Brasil Paralelo tem empreendido nas mais diversas áreas desde o seu surgimento, em 2016, e impulsionados pela crise política brasileira.