Análise espacial do transporte público coletivo urbano no distrito sede da cidade de Ouro Preto/MG.

Abstract

Os processos de implantação da indústria automobilística no país na década de 1960 refletiram em uma propaganda voltada ao uso do transporte motorizado individual, como carros e motos, em detrimento do transporte coletivo e de meios não motorizados para locomoção. Assegurado pela Constituição Federal de 1988 como um direito social, o transporte público coletivo é de responsabilidade municipal e sua oferta de forma não eficaz pode ser resultante de processos mais amplos, relacionados à exclusão social e periferização urbana de camadas da sociedade. A cidade de Ouro Preto/MG, moldada de forma orgânica pela união de vilarejos coloniais em uma topografia acidentada e que, no século XX, passou por processo de tombamento de seu centro, soma ainda processos de industrialização, implementação de centros de ensino superior e intensificação do turismo. O município reflete um atendimento espacial do transporte coletivo que adaptou-se ao traçado colonial acidentado e ao desenvolvimento desordenado das áreas periféricas. Dessa forma, o presente trabalho estuda a incidência do transporte público no distrito sede de Ouro Preto/MG por meio de análise socioespacial, procurando demonstrar o real acesso da população à mobilidade na cidade. Para tal, foi realizado o georreferenciamento das linhas de ônibus e táxi-lotação que circulam na cidade, constatando lacunas na acessibilidade através da identificação de pontos de embarque e desembarque nas porções noroeste e sul do distrito sede de Ouro Preto/MG. O georreferenciamento das linhas mostra também a acessibilidade aos equipamentos urbanos, tais como a rodoviária, escolas, áreas de saúde, áreas de lazer, bancos e supermercados. Em aprofundamento a temática, foi ainda selecionada uma região composta pelos bairros Saramenha de Cima e Tavares para realização de Pesquisa Origem-Destino, que resultou em indicadores socioeconômicos relacionados ao sexo, idade, escolaridade, renda familiar e média de moradores por domicílio entre os entrevistados, e auxiliou na compreensão de padrões de deslocamento dos residentes e das deficiências na linha de transporte público coletivo da área analisada.