Estudos sobre territórios minerados : a utilização da cartografia social familiar no processo de cadastramento dos atingidos e atingidas pelo rompimento da Barragem de Fundão em Mariana/MG.

Abstract

O modelo atual de extração mineral traz severas consequências para os povos e territórios atingidos por tais práticas, como poluição, mortes e violações de direitos. A barragem de Fundão, localizada em Mariana/MG e propriedade da Samarco, que tem como acionistas as empresas Vale e BHP Billiton, rompeu-se em 05 de novembro de 2015, o que desencadeou a morte imediata de 19 pessoas e a liberação de aproximadamente 60 milhões de metros cúbicos de rejeito de mineração que atravessaram os estados de Minas Gerais, Espírito Santo e chegaram pelo mar ao sul da Bahia, atingindo assim a natureza e a população de dezenas de municípios. Mais de seis anos após o rompimento, nenhum núcleo familiar foi reassentado ou teve seus direitos totalmente reparados. Nesse contexto, a presente pesquisa busca contribuir com a luta dos(as) atingidos(as) por seus direitos, a partir de um recorte do estudo da cartografia social, metodologia participativa utilizada no processo de cadastramento dos núcleos familiares atingidos pela barragem de Fundão em Mariana. Esse estudo parte da problematização do atual modelo minerário com bases neoliberais para, em seguida, contextualizar o rompimento da barragem de Fundão e suas consequências no território. Esse estudo consiste na análise da metodologia adotada em cada uma das cinco etapas do processo de cadastramento realizado, pela Assessoria Técnica independente, a Cáritas Brasileira Regional Minas Gerais, no território de Mariana, dando enfoque para a segunda etapa, a Cartografia Social Familiar. Busca-se apresentar de forma crítica o processo de construção e implementação da Cartografia Social Familiar, bem como os limites e potencialidades dessa metodologia para o processo de reparação.