Caracterização petrográfica e geoquímica dos corpos graníticos no prospecto de cobre QT-02, Província Carajás, Cráton Amazônico.

Abstract

O prospecto QT-02 encontra-se inserido no setor norte do domínio Carajás, na região do Bloco Cururu, ao longo da extensa Zona de Cisalhamento do Cinzento, associado a outros importantes depósitos de óxido de Fe-Cu-Au (ou iron oxide-copper-gold – IOCG) da Província Carajás. As rochas hospedeiras são representadas principalmente por formações ferríferas bandadas, rochas vulcânicas básicas e unidades graníticas intrusivas que sofreram deformação e alteração hidrotermal em diferentes intensidades. A relação espacial e temporal entre a colocação dos corpos graníticos com os eventos de mineralização e zonas de alteração ainda é indefinida e necessita de maior estudo. Tais corpos podem representar fontes de fluidos e metais ou representar motores termais para a formação do depósito. Nesse contexto, este trabalho consistiu na caracterização petrográfica e geoquímica dos granitoides do prospecto QT-02, de modo a identificar a composição mineralógica e textural, presença de microestruturas de deformação, o nível/grau de alteração hidrotermal, ambientes de formação, e a característica do magmatismo granítico. As rochas foram divididas em três classes distintas. Os granitoides Tipo 1 (G1) apresentam-se com feições petrográficas ígnea melhor preservadas, além de um comportamento geoquímico mais representativo, com valores menos dispersos, evidenciando baixa intensidade de alteração hidrotermal e deformação. A presença de minerais hidrotermais e microestruturas é mais significante nos granitoides Tipo 2 (G2), que foram divididos em duas fácies, A e B, devido a diferenças mineralógicas, de granulação e de intensidade de alteração hidrotermal. Os granitoides Tipo 3 (G3) compõem a classe de rocha com intensa atividade hidrotermal e deformação, em que minerais primários foram quase que completamente substituídos por minerais hidrotermais recristalizados. Essa classe foi dividida em duas fácies A e B, devido a diferenças na granulação e mineralogia. As assinaturas geoquímicas de origem primária dos granitoides Tipo 2 e 3 são, muitas vezes, difíceis de se estabelecer, devido a intensos processos de alteração hidrotermal a quais essas rochas foram submetidas. Os processos de alteração hidrotermal e mineralização nesses corpos podem estar relacionados tanto aos eventos de 2,55 Ga quanto de 1,88 Ga. As características petrográficas e geoquímicas dos granitoides Tipo 2 e 3 indicam que esses corpos podem ser importantes hospedeiros de mineralizações no prospecto, mesmo pertencendo a diferentes séries magmáticas. No entanto, entender se esses corpos graníticos foram responsáveis pela geração de fluidos e pela gênese desses depósitos é um debate que necessita de um maior estudo.