Influência do uso de psicotrópicos na qualidade de vida de estudantes dos cursos da área da saúde de uma instituição de ensino superior.

Abstract

A qualidade de vida é diretamente afetada pela saúde física e mental, sendo a saúde mental um estado de bem-estar no qual o indivíduo é capaz de usar suas próprias habilidades, recuperar-se do estresse rotineiro, ser produtivo e contribuir com a sua comunidade. Depressão e ansiedade são transtornos mentais prevalentes na população universitária na qual se observa, também, um aumento do consumo de psicofármacos. Os estudos sobre a influência do uso de psicofármacos na qualidade de vida são escassos na população jovem. Portanto, o objetivo deste estudo é avaliar a influência do uso de psicotrópicos (ansiolíticos e antidepressivos) na qualidade de vida de estudantes dos cursos da área da saúde da Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP). Para tanto, foi realizado um estudo observacional do tipo transversal prospectivo com estudantes regularmente matriculados nos cursos da área da saúde de uma instituição de ensino superior. Foram aplicados questionários: 1) para a coleta de dados e caracterização da amostra 2) Questionário validado de depressão de Beck – BAI e questionário de ansiedade de Beck – BDI, respectivamente) e 3) “The World Health Organization Quality of Life” – WHOQOL- bref), para coleta de dados da qualidade de vida. Os dados obtidos foram avaliados pelo programa estatístico Prism versão 8.0. 51,22% dos participantes da pesquisa apresentaram sintomas de depressão, sendo mais frequente no curso de Educação Física. Contudo, é o curso com a maior porcentagem de sintomas leves. O segundo é o curso de Farmácia, seguido por Nutrição e Medicina. A ansiedade se fez presente em 39,64% dos estudantes, sendo os estudantes do curso de Farmácia os que apresentam maior frequência de sintomas de ansiedade dentre os 4, seguido pelos estudantes de Educação Física, Nutrição e Medicina. No quesito qualidade de vida, o curso de Medicina foi o que apresentou uma média do score de qualidade de vida maior dentre os 4 cursos (p<0,05). Quando analizado se os psicofármacos tiveram influência na qualidade de vida dos estudantes classificados com sintomas de ansiedade e depressão, percebeu-se que para os estudantes com sintomas de depressão o uso dos psicofármacos aumentou o score de qualidade de vida referente ao domínio 1 (aspectos físicos) (p<0,05). Entretanto, para os indivíduos com sintomas de depressão que não faziam uso de psicofármacos, houve redução do score de qualidade de vida referente ao domínio 2 (psicológico) (p<0,05). O uso de psicofármacos não alterou o score de qualidade de vida para os domínios 3 e 4 (social e meio ambiente, respectivamente) (p>0,05). Observou-se uma melhora nos scores de qualidade de vida para os usuários de psicofármacos com sintomas de ansiedade (p<0,05). Os resultados mostram uma elevada frequência de sintomas de depressão e ansiedade entre os universitários dos cursos da saúde. O uso de psicofármacos pode melhorar a qualidade de vida em estudantes com sintomas de ansiedade. Esses resultados podem ajudar na adoção de medidas de conscientização e promoção da qualidade de vida e saúde mental dos estudantes e na melhoria do acompanhamento psicológico e psiquiátrico.