Gênero e trabalho : um estudo de caso sobre as mulheres e o mercado de trabalho na Organização Cáritas (Mariana-MG, 2016-2018).

Abstract

As mulheres estão conquistando espaços no mercado de trabalho. Ambientes até então exclusivamente masculinos passam a contar com a força de trabalho feminina. As relações de gênero presentes nesses ambientes se transformam. Nosso objetivo é identificar alguns elementos fundamentais destas relações no ramo da mineração. Tomamos por base a Organização Cáritas e sua atuação no cenário marianense pós-novembro de 2015 - quando houve o desastre ambiental da Barragem de Fundão que devastou o Rio Doce e destruiu o distrito de Bento Rodrigues. Busca-se compreender as estratégias de manutenção de privilégios a partir dos discursos de gênero. Para desenvolvimento deste trabalho foram entrevistadas quatorze indivíduos, sendo quatro do sexo masculino e dez do feminino. Todos atuantes nos setores operacionais e administrativos Cáritas. Percebe-se que por mais que a empresa seja uma exceção no âmbito das mineradoras por ter um efetivo composto majoritariamente por mulheres, estas ainda sofrem com algum tipo de discriminação de gênero decorrente de estereótipos associados ao papel social das mulheres. Trabalhar, assim, em áreas “operacionais” ao invés de quebrar barreiras e discriminações de gênero, acaba por reforçar estigmas já existentes acerca da feminilidade: incapacidades referentes à suposta (e inerente) limitação física para desenvolver trabalhos que apenas homens conseguiriam. Conclui-se que, apesar da Organização apresentar uma maioria de trabalhadoras, as tensões de gênero se mantém inabaladas no interior da mesma. Sendo, por vezes, reproduzida, pelas próprias trabalhadoras.