Análise das concentrações de poluentes atmosféricos sobre a Região Metropolitana de São Paulo durante o período da quarentena.

Abstract

A poluição do ar tornou-se um dos fatores que mais afetam a qualidade de vida da população, ocasionando prejuízos à saúde humana e ao meio ambiente. Emissões de gases por veículos automotores comprometem significativamente a qualidade do ar em cidades populosas, como na Região Metropolitana de São Paulo (RMSP), por liberarem grande quantidade de material particulado (MP), monóxido de carbono (CO), óxidos de nitrogênio (NOx) e compostos orgânicos voláteis (COV), sendo estes três últimos gases poluentes que formarão ozônio (O3) na troposfera. O objetivo deste estudo foi avaliar os impactos na qualidade do ar na RMSP durante o bloqueio parcial implementado para proporcionar o distanciamento social devido à pandemia da COVID-19. Foram analisados os dados meteorológicos e de concentração dos poluentes das estações de monitoramento da qualidade do ar da CETESB para RMSP. Foram comparados com o ciclo diurno de três anos anteriores referentes às médias dos meses de abril e maio (2017, 2018 e 2019) e o mesmo período do ano de 2020, quando ocorreu o bloqueio parcial devido à pandemia de COVID-19. Reduções drásticas nas concentrações médias horárias de CO (43,3%), NO (85%), NO2 (43,7%), MP2.5 (11%) foram observadas em 2020 na RMSP nas estações de monitoramento da qualidade do ar da CETESB durante o bloqueio parcial em comparação com a média horária dos três anos anteriores sem pandemia. Em contraste, um aumento de aproximadamente 26,4% nas concentrações de O3 foi observado em áreas urbanas altamente influenciadas pelo tráfego de veículos, provavelmente relacionado à diminuição dos óxidos de nitrogênio (NOx).Também foram analisados os dados os dados obtidos por sensoriamento remoto para a região Sudeste brasileira para a concentração de dióxido de nitrogênio (NO2) do sensor Ozone Monitoring Instrument (OMI) localizado no satélite AURA e dados de CO, SO2 e BC a partir da análise do satélite MERRA-2 sobre a região do sudeste do Brasil e de seis estações de qualidade do ar na RMSP, para avaliar as variações da concentração de poluentes atmosféricos durante o bloqueio parcial. Os dados mensais do OMI e do MERRA-2 do período de abril e maio de 2020 foram comparados com a média do mesmo período para os anos de 2017 a 2019. Ocorreu diminuição de 10% até mais de 60% da concentração de NO2 sobre a RMSP e 7 RMRJ, já na Região Metropolitana de Belo Horizonte e Vitória (RMBH) e (RMV) houve uma diminuição em torno de 10%. Nas concentrações de CO e BC proveniente do MERRA-2 observa-se uma diminuição maior em torno de 10% durante o período do bloqueio parcial devido o COVID-19 sobre quase todo estado de São Paulo, principalmente na divisa do estado de São Paulo com o Rio de Janeiro. A concentração de SO2 proveniente do MERRA-2 de 5 a 10% menor sobre a RMSP e RMRJ e sobre o oeste da RMBH, diminuição de 30 a 50% na divisa do estado de São Paulo com estado do Rio de Janeiro, já na região de RMV observa-se aumento do poluente, pois no período deste estudo esta região ainda não estava altamente impactada pela pandemia do COVID-19.